18/02/2020 - 09:37 - Esportes
Vitor Roque
Em uma das operações realizadas na base, ano passado, o Cruzeiro buscou no América-MG o garoto Vitor Roque, de 14 anos. Nela, o clube mineiro fez um acordo para pagar R$ 500 mil ao empresário André Cury, por meio da empresa Link Assessoria Esportiva e Propaganda LTDA, a título de intermediação pela ida do garoto. Cury é um dos representantes do jovem atacante.
O valor do pagamento consta em uma planilha de pagamentos do Cruzeiro por intermediações, entre 2015 e 2019, obtida pelo GloboEsporte.com, em que constam mais de 70 operações com diversos empresários de atletas. O documento mostra que o valor nunca foi pago pela Raposa ao agente.
Este tipo de operação é proibido pela Fifa no artigo 6.8 do "Regulamento sobre Relações de Intermediários da FIFA", em que diz que "jogadores e/ou clubes que contratam os serviços de um intermediário ao negociar um contrato de trabalho e/ou um contrato de transferência são proibidos de fazer pagamentos a esse intermediário se o jogador em questão for menor de idade, conforme definido no ponto 11 da seção Definições do Regulamento sobre o Status e Transferência de Jogadores". A Fifa considera jogadores menor de idade aqueles atletas menores de 18 anos.
A proibição ainda é endossada pelo "Regulamento de Intermediários" da CBF, que também proíbe a operação, em seu artigo 24 (leia acima): "nenhuma comissão será devida e paga ao Intermediário em relação a jogador menor de 18 (dezoito) anos de idade, em razão de expressa vedação no Regulamento sobre Relações de Intermediários da FIFA", diz o texto.
A intermediação é uma das 12 que que André Cury teve direito a receber comissão por negócios com o Cruzeiro. As outras que estão presentes na planilha e relacionadas à empresa de André Cury envolvem outros atletas, como Arrascaeta, Latorre, Léo, o lateral-direito Fabiano, Raniel, entre outros, que somam aproximadamente R$ 10,5 milhões.
Vitor Roque foi contratado pelo Cruzeiro em maio de 2019. Na época, após imbróglio envolvendo a Raposa e o América-MG, as duas equipes firmaram um compromisso para dividirem os direitos econômicos do atleta em negócio futuro, já que, neste momento, ele não pode ter direitos econômicos – só a partir dos 16 anos, quando o jovem pode assinar um contrato profissional.
Procurado pela reportagem, André Cury confirmou a operação e disse que ainda não recebeu o valor do clube mineiro.
Globo
© Copyright 2018 - 2025 - Todos os direitos reservados - Painel de controle