Guerra entre Rússia e Ucrânia

24/02/2024 - 20:11 - Gerais

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Guerra entre Rússia e Ucrânia

 

A Guerra entre a Rússia e a Ucrânia é um conflito que acontece no Leste do continente europeu. Após um longo período marcado pelo acirramento das tensões entre ambos, as tropas russas invadiram o país vizinho em 24 de fevereiro de 2022, promovendo ataques a cidades situadas próximo da capital da Ucrânia, Kyiv, e outros pontos estratégicos do território ucraniano. O contra-ataque realizado pela Ucrânia em meados de 2022 fez com que a Rússia recuasse em alguns pontos, mas o país ainda mantém domínio sobre grandes áreas no leste e ao sul da Ucrânia.

 

Pouco mais de um ano após o início da guerra, os ataques continuam. O saldo até então é de dezenas de milhares de mortos e feridos, além de 8 milhões de refugiados ucranianos, que buscam proteção em outros países europeus. As consequências da guerra são, também, econômicas e políticas. Em um contexto global, o conflito interfere na geopolítica, nos acordos diplomáticos e no comércio internacional.

 

Resumo sobre a Guerra entre Rússia e Ucrânia

 

A guerra entre Rússia e Ucrânia começou em 24 de fevereiro de 2022, quando as tropas russas invadiram o território ucraniano.

 

No período histórico recente, as tensões entre os países escalaram a partir de 2014, com a anexação da Crimeia ao território da Rússia e a ação de grupos separatistas na região de Donbass, no leste da Ucrânia.

 

A possível entrada da Ucrânia na Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan) é apontada como um dos principais motivos para a guerra, mas não é o único.

 

A justificativa de desmilitarização da Ucrânia, por parte do presidente russo, é também outra causa do conflito.

 

Os conflitos acontecem no território ucraniano, invadido por centenas de milhares de soldados russos no início de 2022.

 

Cidades próximas a Kyiv foram atacadas antes da capital. A Rússia promoveu ofensivas também no leste da Ucrânia e no sul, regiões estratégicas para o país.

 

Depois de um ano de conflito, estão sendo registrados novos ataques com mísseis em diversas cidades da Ucrânia, inclusive na capital.

 

Milhares de pessoas, entre civis e militares, morreram em função da guerra.

 

Mais de 8 milhões de ucranianos buscaram refúgio em outras nações da Europa, enquanto aproximadamente 6 milhões procuram por lugares para se abrigar dentro da Ucrânia.

 

Contexto histórico da Guerra entre Rússia e Ucrânia

 

A Guerra entre a Rússia e a Ucrânia foi deflagrada no dia 24 de fevereiro de 2022, poucos meses após o acirramento das tensões na região fronteiriça entre esses países. Para entendermos as causas que levaram ao conflito e os motivos alegados pelas partes para os ataques promovidos, é previso entender um pouco de como era a relação entre as duas nações no passado histórico.

 

Os territórios russo e ucraniano integram a região conhecida como Leste Europeu, que possui semelhanças nos aspectos econômicos, socioculturais e étnicos. Ambos os países foram inicialmente ocupados pelos povos eslavos, também conhecidos como Rus. Além disso, antes da sua criação, uma parcela da Rússia, a Ucrânia e também Belarus formavam o território de Rus de Kiev, ou Rússia de Kiev, entre os séculos IX e XIII.

 

Durante o século XVIII, uma parte da Ucrânia foi incorporada ao Império Russo. Esse movimento se repetiu durante o século XX, na Revolução Bolchevique, que marcou o fim do sistema monárquico na Rússia e a ascensão dos socialistas ao poder, no ano de 1917. Cinco anos mais tarde, foi criada a União das Repúblicas Socialistas Soviéticas (URSS), da qual passaram a fazer parte diversos territórios do Leste Europeu, o que incluiu a maior parte do território da Ucrânia. O país se tornou independente somente em 1991, ano em que aconteceu a dissolução da URSS.

 

Nesse ínterim, é importante trazer luz à questão da Crimeia. A Crimeia é uma península localizada ao sul da Ucrânia e a sudoeste do território russo, sendo banhada pelo mar Negro. Essa região apresenta conexão com o mar de Azov, e seu caráter estratégico tanto militar quanto comercial fez com que fosse o foco de muitas disputas territoriais ao longo da história.

 

A Rússia já exerceu domínio sobre a Crimeia em diferentes momentos, e, em 1954, o território foi cedido pela União Soviética para a Ucrânia como um gesto simbólico, e estratégico, dos laços de fraternidade entre os países. Com o fim da URSS, o Memorando de Budapeste (1994) assegurou os limites territoriais ucranianos e a manutenção da Crimeia como parte do seu território. A situação de aparente estabilidade não durou muito, e uma crise se instalou na região a partir de 2010.

 

As negociações para a entrada da Ucrânia na União Europeia deram início a um período de grande turbulência política interna e tensões geopolíticas regionais que escalou com a invasão e anexação da Crimeia pela Rússia no ano de 2014. O presidente russo, Vladimir Putin, justificou a medida com o fato de a maioria da população que vive na Crimeia ter origem russa, mas, mesmo assim, não houve reconhecimento da comunidade internacional.

 

Também em 2014, a região de Donbass foi palco de conflitos entre a Ucrânia e grupos separatistas, que, alinhados politicamente com a Rússia, declararam a independência das regiões administrativas de Lugansk e Donetsk. Assim como na Crimeia, Donbass tem maioria da população com origem étnica russa, e se tornou uma área muito visada pela Rússia durante o atual conflito com a Ucrânia. Aliás, a Rússia é a única nação que reconhece a independência de Lugansk e Donetsk.

 

Causas da Guerra entre Rússia e Ucrânia

 

O contexto de tensões entre a Rússia e a Ucrânia nos ajuda a entender a origem das disputas entre os países, inclusive a guerra que perdura há mais de um ano. Uma das principais causas apontadas para a sua eclosão foi a retomada das negociações para a Ucrânia se tornar um membro da Otan.

 

Relembrando, a Otan é uma organização internacional criada durante a Guerra Fria com o objetivo inicial de conter o avanço do socialismo nos países da Europa Ocidental. Com o fim da União Soviética, a organização passou a se ater à cooperação político-militar e à defesa mútua de seus países-membros. Entre os membros da Otan, estão as nações europeias ocidentais, os Estados Unidos e 14 países do Leste Europeu.

 

A admissão da Ucrânia na Otan, na visão da Rússia, representaria o avanço dos ideais do Ocidente sobre os países do Leste Europeu que ainda resistiam a isso. Além disso, seria uma ameaça direta à integridade do território russo, tendo em vista que a fronteira ucraniana com a Rússia é a maior entre os países europeus com que faz divisa. Assim, a invasão da Ucrânia seria uma forma de demonstrar que a Rússia mantém o seu poderio e a sua influência na região.

 

O reconhecimento, por parte da Rússia, da independência das regiões de Lugansk e Donetsk é também causa da guerra. Como vimos, existe a forte presença de população russa nessas áreas, e o presidente Vladimir Putin alega que essas medidas são formas de proteger essa população das ofensivas da Ucrânia. No dia em que a guerra teve início e pouco tempo após reconhecer a região do leste ucraniano como independente, Putin declarou que o seu objetivo era “desmilitarizar e desnazificar” o país vizinho.

 

Aponta-se como motivo pela guerra, também, a queda de popularidade do presidente Vladimir Putin em função dos efeitos da pandemia da covid-19 na Rússia. Entre 2020 e 2021, a taxa de popularidade de Putin caiu em função do crescimento alarmante dos casos da doença no país e da acentuação dos problemas econômicos pelos quais vinha passando. A invasão da Ucrânia seria uma forma de conquistar, novamente, a visão positiva dos russos sobre o presidente.

 

Fatos marcantes da Guerra entre Rússia e Ucrânia

 

A guerra entre Rússia e Ucrânia começou oficialmente no dia 24 de fevereiro de 2022, quando mais de 200 mil soldados russos invadiram o território ucraniano por diversas frentes. Desde então, a análise do conflito tem sido feita pela divisão de sua linha do tempo em fases.|1|

 

1ª fase (24 de fevereiro de 2022 ao início de junho): foi marcada pela invasão do território ucraniano pelas tropas russas. Várias regiões do país foram tomadas, em especial as cidades ao leste e na divisa entre os territórios envolvidos. Num primeiro momento, a capital ucraniana, Kyiv, não foi diretamente atacada.

 

Foram realizados bombardeios em diversos pontos da Ucrânia, o que resultou em centenas de vítimas fatais entre civis e militares. Algumas cidades próximas de Kyiv foram atacadas, como uma forma de cercar a capital.

 

A cidade de Bucha, que fica a 60 km a noroeste de Kyiv, foi alvo de uma ofensiva muito violenta por parte dos soldados russos. Centenas de civis ucranianos foram mortos nas ruas. Os dados mais recentes apontam para 400 vítimas fatais, mas os números não são definitivos.

 

Mariupol, cidade situada no sul da Ucrânia e banhada pelo mar de Azov, foi inicialmente sitiada e atacada.

 

2ª fase (junho a agosto): houve a retirada das tropas russas da região de Kyiv, com as ofensivas e bombardeios agora concentrados no leste ucraniano, na região de Donbass. No entanto, os russos foram surpreendidos com o contra-ataque promovido pela Ucrânia como forma de defender seus territórios.

 

A usina nuclear de Zaporizhzhia, no sul da Ucrânia, foi ocupada pelas tropas russas. Pouco tempo depois, a central energética foi desligada após um intenso ataque de mísseis sofrido pelo país em diversas cidades. Havia o medo da repetição de um evento como foi o acidente de Chernobyl, que aconteceu em 1986 e afetou Belarus e Ucrânia.

 

3ª fase (setembro a novembro): a defensiva da Ucrânia fez com que o país conseguisse áreas no leste e no sul que estavam sob o domínio russo, entre as quais estão a cidade de Kherson e a região a nordeste próximo a Kharkiv. O impasse sobre as regiões declaradas independentes continua, e a Rússia mantém domínio militar sobre a maior parte do leste ucraniano.

 

Uma forte explosão danificou a estrutura da única ponte que faz a conexão entre a Rússia e a Crimeia, situada no estreito de Kerch. A Ucrânia não se responsabilizou pelo acontecido, e a Rússia reforçou a segurança na região.

 

Fase atual, iniciada em novembro de 2022: foram promovidos ataques às usinas geradoras de energia elétrica na Ucrânia, com a estimativa de que, pelo menos, um terço delas foi destruído. Além dos prejuízos isolados decorrentes da falta de eletricidade, a situação se tornou preocupante com a chegada do inverno no Hemisfério Norte.

 

Novos ataques de mísseis foram promovidos pela Rússia em março de 2023. A ofensiva atingiu cidades como Kyiv, Kharkiv, Zhytomyr e Odessa, e os ataques levaram, mais uma vez, à interrupção das atividades da usina nuclear de Zaporizhzhia. Durante o conflito, a usina parou em seis momentos distintos pelo menos.|2|

 

Consequências da Guerra entre Rússia e Ucrânia

 

A Guerra entre Rússia e Ucrânia trouxe consequências para os países envolvidos e para a comunidade internacional, afetando as esferas política, econômica e social. Veja, a seguir, os principais impactos gerados pelo conflito.

 

A Ucrânia contabiliza 8 mil civis mortos e mais de 13 mil feridos desde o início da guerra. O número de fatalidades entre os militares ucranianos varia de 10 mil a 13 mil.

 

Aproximadamente 15 mil soldados russos foram mortos e outros 100 mil estão feridos.

 

Os refugiados ucranianos que buscam abrigo em outros países somam mais de 8 milhões de pessoas. Entre os principais destinos deles, estão Polônia, Belarus, Moldávia, Tchéquia, Bulgária, Romênia e Eslováquia.

 

Dentro da Ucrânia existem 6,6 milhões de refugiados internos, que buscam abrigo em áreas diferentes de onde vivem.

 

Imposição de sanções econômicas contra a Rússia, afetando setores como a exportação de gás natural e petróleo. As sanções vieram principalmente dos países europeus.

 

Aumento da pobreza da população ucraniana e encolhimento da economia nacional da Ucrânia.

 

Aumento do deficit econômico da Rússia.

 

Isolamento diplomático da Rússia, que possui cada vez menos apoio na comunidade internacional.

 

Encarecimento dos combustíveis e dos alimentos em todo o mundo, tendo em vista que os países envolvidos no conflito são grandes produtores e exportadores de combustíveis fósseis e de grãos, como trigo. Mais recentemente, entretanto, o preço de alguns alimentos tem experimentado queda.

 

Auxílio militar, financeiro e humanitário à Ucrânia vindo de diversos países. Os Estados Unidos encabeçam a lista de valores fornecidos, especialmente em aparato militar. Na sequência estão União Europeia, Reino Unido, Alemanha, Canadá e Polônia.

 

Por Paloma Guitarrara

Professora de Geografia

Brasil Escola