Antropólogo Jamerson Lucena defende força de autoridades para resolver situação precária dos venezuelanos de João Pessoa; vídeo

25/04/2025 - 22:11 - Gerais

Compartilhe:
Antropólogo Jamerson Lucena  defende força de autoridades para resolver situação precária dos venezuelanos de João Pessoa; vídeo

 

A denúncia de um possível surto de leptospirose em um abrigo que acolhe indígenas venezuelanos da etnia warao, em João Pessoa, expôs uma realidade alarmante. Segundo informações do Serviço Pastoral dos Migrantes (SPM) e da Secretaria de Estado de Desenvolvimento Humano da Paraíba (SEDH), o local está em condições precárias e abrigando quase o dobro da capacidade para a qual foi planejado.

 

Após a suspeita levantada por moradores da área, mais de 50 pessoas do abrigo passaram por exames médicos. Dentre essas, ao menos 20 apresentaram sintomas da doença, e dos dez primeiros testes realizados, metade deu resultado positivo para leptospirose. A superlotação e as más condições de higiene estão sendo apontadas como principais causas para o surto, o que acelerou as tratativas para uma transferência emergencial dos indígenas para outro espaço mais adequado.

 

Atualmente, o abrigo comporta quase cem pessoas, embora sua capacidade máxima seja de cinquenta. A SEDH e o SPM já iniciaram buscas por imóveis alternativos, inclusive um prédio público já está em negociação para servir como novo espaço. A intenção é garantir condições dignas de moradia, higiene e saúde para essa população, que tem crescido significativamente nos últimos meses.

 

De acordo com Roberto Saraiva, coordenador do SPM, o número de indígenas warao no estado praticamente dobrou desde o ano passado. “Quando iniciamos o acompanhamento, havia 378 pessoas cadastradas. De janeiro até agora, esse número subiu para 625”, relatou.

 

Além dos problemas estruturais e sanitários, os indígenas também enfrentam um difícil processo de adaptação à vida urbana. Segundo o antropólogo Jamerson Lucena, o choque cultural está no centro da crise humanitária enfrentada por esse povo. Muitos viviam em comunidades rurais com casas de palafitas, dormiam em redes e viviam da caça, pesca e artesanato.

 

“Eles estão ainda buscando se adaptar ao contexto urbano. A imensa maioria das famílias que vivem aqui não tinha acesso a esse modo de vida urbano. Viviam em casas de palafitas, redes", disse ele, que já foi até o território indígena warao na Venezuela para experenciar as condições em que eles viviam originalmente.

 

Para ele, a política de abrigamento utilizada durante a pandemia foi importante, mas agora é necessário pensar em novas formas de acolhimento que respeitem os costumes e modos de vida dos warao. Uma alternativa apontada por especialistas seria transferi-los para áreas rurais, onde possam cultivar alimentos, pescar, manter suas tradições e viver com maior autonomia e dignidade.

 

Desde 2022, o governo do estado conta com uma equipe multiprofissional que acompanha a realidade dos refugiados e migrantes indígenas por meio do Centro Estadual de Referência do Migrante e do Refugiado (CERMIR). No entanto, a atual situação escancara a urgência de rever as estratégias e garantir a esses povos condições mais humanas de acolhimento.

 

Veja vídeo clicando no link abaixo:

 

https://globoplay.globo.com/v/13545872/

 

Blog do Jordan Bezerra

Com informações do G1 PB