O jornalista William Bonner anunciou que deixará a apresentação do Jornal Nacional em novembro, encerrando um ciclo de 29 anos à frente do principal telejornal da TV brasileira. O comunicador, que conduziu cerca de 10 mil edições do noticiário, passará a integrar o Globo Repórter, dividindo a apresentação com Sandra Annenberg.

A vaga na bancada do JN será ocupada por César Tralli, que deixa o comando do Jornal Hoje para se juntar a Renata Vasconcellos nas noites da Globo. O posto deixado por Tralli no telejornal vespertino será assumido por Roberto Kovalick.

Bonner, de 61 anos, revelou que a decisão de sair da bancada foi amadurecida ao longo dos últimos cinco anos, em acordo com a emissora. Ele define a mudança como um “movimento tectônico” e afirma que buscou dar leveza ao anúncio, feito no mesmo dia em que o JN completa 56 anos no ar.

“Não estou saindo da Globo, apenas encerrando um ciclo no JN. Foram anos de muita dedicação, mas também de exaustão. Tenho filhos morando fora do Brasil e a saudade pesa demais”, disse Bonner em encontro com jornalistas.

Durante quase três décadas, Bonner esteve à frente de grandes coberturas nacionais e internacionais. Do ataque às Torres Gêmeas, em 2001, à crise da pandemia de Covid-19, o jornalista acompanhou de perto fatos que marcaram a história. Ele lembra com emoção do dia em que, ao vivo, deixou escapar sua indignação diante do número crescente de mortes pelo coronavírus e da onda de desinformação que se espalhava no país.

A Globo preparou a transição de forma cuidadosa, com pesquisas internas e preparação de sucessores. Para o diretor de jornalismo, Ricardo Villela, a escolha por Tralli foi natural: “Ele conhece a rotina do jornal como poucos e carrega a experiência de mais de 20 anos na casa”.

Tralli, por sua vez, destacou a responsabilidade de ocupar a cadeira que foi de Bonner por tanto tempo. “Sou repórter de origem e sei como o Jornal Nacional funciona. Assumo com muito pé no chão e consciente da importância desse passo.”

Bonner seguirá como apresentador, mas sem funções de chefia. No Globo Repórter, terá a missão de retomar o contato direto com a reportagem, algo que diz sentir falta. “Quero apenas contar boas histórias, sem o peso de comandar equipes. Parei no momento certo, com saúde e disposição para aproveitar essa nova etapa”, afirmou.

Fonte 83