Conselheira tutelar revela histórico de abandono e falta de assistência a jovem morto após invadir jaula de leoa na Bica; vídeo

01/12/2025 - 21:31 - Gerais

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Conselheira tutelar revela histórico de abandono e falta de assistência a jovem morto após invadir jaula de leoa na Bica; vídeo

Aniversário Patos PB

 

A conselheira tutelar Verônica Oliveira, que acompanhou parte da trajetória de Gerson de Melo Machado — jovem de 19 anos que morreu após entrar no recinto de uma leoa no Parque Zoobotânico Arruda Câmara, em João Pessoa — relatou detalhes do histórico de abandono e vulnerabilidade que marcou a vida do rapaz. As informações foram dadas ao programa Arapuan Verdade, da rádio Arapuan FM.

 

Segundo Verônica, a vida de Gerson sempre foi marcada pela ausência de apoio familiar e psicológico. Ela explicou que, desde a infância, o jovem e os irmãos foram encaminhados para adoção devido aos graves problemas de saúde mental da mãe.

 

Um episódio citado pela conselheira ilustra a ruptura definitiva entre mãe e filho. Em uma tentativa de reaproximação, Gerson ouviu da mulher que não poderia mais chamá-la de mãe.

“Não entre, não venha, não fique perto de mim. Não sou mais sua mãe, o juiz disse que não sou mais sua mãe”, teria dito a mulher quando ele tinha apenas 10 anos.

 

Verônica reforçou que a fala não aconteceu por maldade, mas pela condição psiquiátrica delicada da mãe. Segundo ela, a mulher permanecia quase constantemente em surto e não tinha condições de conviver com os filhos. Tentativas de reaproximação foram feitas ao longo do tempo, mas todas sem sucesso.

 

A conselheira também destacou que, durante o período em que Gerson esteve sob acompanhamento, não havia registro de uso de drogas.

“Tinha uma coisa interessante nessa época. Gerson não usava drogas”, afirmou.

 

“Uma criança sem direitos”

 

Para Verônica, Gerson cresceu sem acesso aos direitos básicos, incluindo acompanhamento psicológico adequado.

“Ele foi uma criança sem direitos, foi um adolescente sem direitos e foi um adulto num curto espaço de tempo sem nenhum direito. Ele precisava de cuidados na saúde mental”, declarou.

 

Ela criticou a falta de vagas e estrutura no atendimento em saúde mental na capital, destacando que a demanda cresceu de forma alarmante após a pandemia. Segundo a conselheira, poucos serviços especializados conseguem dar conta do volume de casos.

Ela também afirmou que o poder público é o principal responsável pela omissão que marcou a história do jovem.

 

O caso

 

Gerson de Melo morreu no último sábado (30) após escalar uma estrutura do parque e entrar no espaço onde estava a leoa Leona. O animal o atacou imediatamente, causando sua morte ainda dentro do recinto. O episódio ocorreu diante de visitantes, que registraram a cena.

 

O corpo passou por necropsia no IML de João Pessoa. O chefe do órgão confirmou que a morte ocorreu por choque hemorrágico decorrente de lesões perfurocontundentes nos vasos cervicais. Um exame toxicológico complementar também foi solicitado.

 

A identificação do corpo só ocorreu no dia seguinte, e o sepultamento foi previsto para a tarde desta quarta-feira.

 

 

 

 

Blog do Jordan Bezerra 

Com informações do ClickPB