O presidente da Câmara dos Deputados, Hugo Motta (Republicanos-PB), está negociando uma nova proposta para tratar dos réus condenados pelos ataques às sedes dos Três Poderes em 8 de janeiro de 2023. A intenção é apresentar um substitutivo ao projeto de anistia já protocolado pela bancada do PL, que atualmente tramita em regime de urgência.

 


Segundo fontes do Congresso, a estratégia inclui nomear um relator do Centrão para conduzir o novo texto, em tentativa de equilibrar interesses e evitar tensões com o governo federal. O assunto, considerado sensível, vem sendo tratado com discrição por Motta, que tem enfrentado forte pressão de parlamentares bolsonaristas e familiares de presos.

 


No Senado, uma proposta semelhante chegou a ser cogitada por Davi Alcolumbre (União-AP), com foco em reduzir penas para crimes menos graves e endurecer punições para organizadores de ações golpistas. A ideia, no entanto, foi rejeitada pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva e não avançou.

No momento, o Planalto tenta evitar a votação da anistia, argumentando que há centenas de projetos em regime de urgência aguardando deliberação há mais tempo, incluindo pautas sobre saúde, educação e controle de gastos públicos. Esses temas, segundo aliados de Lula, deveriam ter prioridade na pauta da Câmara, cuja organização é responsabilidade exclusiva de Hugo Motta.

A mais recente pesquisa da Quaest indica que 56% da população se opõe à anistia, número semelhante ao levantamento do Datafolha. A avaliação política do governo é que levar a proposta adiante agora poderia agravar as tensões institucionais.

Blog do Jordan Bezerra 

Com informações de O Globo