05/12/2025 - 10:29 - Política
Vereadores de Patos trocam farpas após cassação de Josmá Oliveira
A crise política que se instalou na Câmara Municipal de Patos voltou a se evidenciar na sessão dessa quinta-feira, 4 de dezembro, quando discussões sobre a cassação do mandato do vereador Josmá Oliveira (MDB) desencadearam uma série de atritos entre membros da própria base governista. Embora a decisão do Tribunal Regional Eleitoral ainda esteja sujeita a recurso, o tema se tornou o centro de uma disputa que extrapola o caso individual e alcança disputas internas por espaço político.
O embate mais intenso ocorreu quando Samuel Pinto (PSB) reagiu ao gesto de solidariedade de parte da base ao vereador cassado. Ele afirmou que o colegiado estaria ignorando a decisão judicial e insistiu em apontar que, na avaliação dele, Josmá se encontra “inelegível” e “ficha suja”. O pronunciamento adotou um tom contundente, no qual o parlamentar declarou: “O que ando vendo aqui é de fazer o sangue ferver de verdade. Eu tô cansado. Eu preciso marcar com esse parlamento com moral aqui, que tá na hora. Eu vou tá ensinando a ser situação nessa casa? Não preciso tá ensinando a vereador nenhum aqui não”.
A fala provocou reações imediatas e abriu uma nova linha de conflitos. Alguns vereadores alegaram excesso, outros contestaram interpretações feitas por Samuel sobre posicionamentos e alianças internas. Rafael Policial (União) foi um dos que contestaram o discurso, afirmando que nenhum gesto de solidariedade poderia ser entendido como rompimento com o prefeito Nabor Wanderley. David Maia também se sentiu atingido e fez questão de lembrar que sua atuação parlamentar deriva exclusivamente do voto recebido.
Apesar de já ter sido alvo de denúncias feitas por Josmá no passado, o vereador Ítalo Gomes declarou apoio ao colega oposicionista e destacou a relação institucional que mantém com o Executivo. A manifestação dele reforçou a divisão sobre o tema mesmo entre parlamentares alinhados ao prefeito. Júnior Contigo acrescentou críticas ao comportamento de Samuel, descrevendo a postura como “áspera e agressiva”.
A sessão se acirrou ainda mais quando Décio Motos decidiu se dirigir diretamente a Samuel, afirmando que havia perdido a admiração que nutria pelo colega. “Nunca fui desrespeitoso com você. Jamais ia ter um coração tão maldoso do jeito que está tendo”, disse, antes de pedir desculpas em nome de Cicinho Lima, mencionado na discussão.
O encerramento da reunião também foi marcado por tensões. O vereador Maikon Minervino, que já havia protagonizado discussões anteriores, se desculpou com a presidente Tide e retomou críticas ao comportamento adotado durante a sessão. Em recado indireto, afirmou: “Para entrarmos no cinema, temos que comprar o ingresso. Para entrarmos no jogo, temos que jogar com a bola. E para entrar nesta Casa Legislativa é com o voto”.
Em meio ao ambiente polarizado, Josmá Oliveira fez sua própria defesa, admitindo que responde a uma ação eleitoral desde o ano passado, mas declarando que não pretende negociar sua permanência no cargo. Ele afirmou que não abre mão dos valores que defende e que, caso a cassação seja mantida, a perda será maior para a população que o elegeu do que para ele próprio.
Apesar de a decisão judicial ainda não ser definitiva, a sessão expôs que o caso de Josmá acabou se tornando o ponto central de disputas internas, divergências sobre conduta parlamentar e tensões envolvendo a eleição para a presidência da Câmara. O episódio reforça que a instabilidade política no Legislativo de Patos não se limita ao processo judicial, mas envolve também disputas de força e influência dentro da Casa.
Blog do Jordan Bezerra
Com informações de Patos Online
© Copyright 2018 - 2025 - Todos os direitos reservados - Painel de controle