Cultura nordestina está de luto: morre Orlando Tejo; veja poesias e vídeo

02/07/2018 - 09:29 - Gerais

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Cultura nordestina está de luto: morre Orlando Tejo; veja poesias e vídeo

Orlando Tejo, escritor, autor de Ze Limeira, poeta do absurdo, livro relançado em 2008. Foto: Alexandre Gondim/Arquivo DP

Morre, aos 83 anos, o poeta, escritor, advogado e jornalista paraibano Orlando Tejo.

 

Tejo nasceu em Campina Grande (PB), em 1935, e morava há muitos anos no Recife. Cristiana, sua filha, informou que o pai sofria da doença de Alzheimer havia 15 anos.

 

O enterro está marcado para às 15h desta segunda-feira, no cemitério Parque das Acácias, no bairro do José Américo, João Pessoa  

 

Orlando Tejo teve longa produção intelectual e é visível para os amantes da cultural. É o autor de um clássico da literatura nordestina, o livro, "Zé Limeira – Poeta do Absurdo".

 

Dono de memória invejável, quis o destino que o poeta padecesse logo do mal de Alzheimer, coisas da vida. Ele era dotado de muitos talentos, na escrita, na poesia e no jornalismo.

 

O amigo e jornalista Luiz Berto que é responsável pelo Jornal Besta Fubana escreveu uma homenagem ao amigo.

 

ORLANDO TEJO ENCANTOU-SE

 

“Uma notícia que enevoou o meu domingo.

Meu querido amigo e irmão Orlando Tejo encantou-se hoje, 1º de julho, às 4 da madrugada.

Recebi a notícia agora há pouco.

A Nação Nordestina e a Poesia estão de luto”.

Orlando Tejo é autor de um clássico da literatura nordestina, o livro Zé Limeira, O Poeta do Absurdo, uma obra que já tem mais de dez edições.

O declamador e amante da poesia nordestina José Roberto Bezerra Lucena (Beto), lembrou que do que disse os poetas Geraldo Amâncio e Oliveira de Panelas, em relação ao talento de Tejo. Nos versos que ele fez em homenagem a Pinto e Louro. “Só quem faz aquilo é gênio” disse Amâncio. Já o poeta Oliveira de Panelas certa vez, disse, “Orlando só não fez profissão porque não quis, mas é um grande poeta, de um talento magistral”.

Em homenagem a Lourival Batista Patriota, o Louro do Pajeú (1915-1992) e a Severino Lourenço da Silva Pinto, o Pinto do Monteiro (1895-1990) um poema escrito por Orlando Tejo.

 

VAGAS DIVAGAÇÕES EM TORNO DE PINTO DO MONTEIRO E LOURO DO PAJEÚ

 

 

Grande saudade hoje sinto

Das cantorias-tesouro

Do gigante que foi Pinto,

Do uirapuru que foi Louro.

Era uma graça, um estouro

Ouvir em qualquer recinto

Os trocadilhos de Louro

Os desconcertos de Pinto.

Tal qual no Bar do Faminto,

Do Pátio do Matadouro,

Quando Louro aceitou Pinto

E Pinto abençoou Louro.

Mas no Bar Rosa de Ouro

Houve um encontro distinto

Pinto elogiando Louro,

Louro chaleirando Pinto.

Jamais ficará extinto

O meu prazer de ouvir Louro

Querendo derrubar Pinto,

Pinto brigando com Louro.

No Bar Casaca-de-Couro

Vi o maior labirinto:

Pinto depenando Louro

E Louro esganando Pinto.

No Mercado, em Rio Tinto,

Um momento imorredouro

com as emboscadas de Pinto

E as escapadas de Louro.

No Beco do Bebedouro

Um desafio ao instinto:

Pinto superava Louro,

Louro desmontava Pinto.

No bar de Moisés Aminto

(À Curva do Varadouro)

Louro acompanhava Pinto,

Pinto fugia de Louro.

Assisti, no Bar Jacinto,

Luta de cristão e mouro

Quando Louro açoitou Pinto,

E Pinto escanteou Louro.

O sol no nascedouro

E haja mel e haja absinto

Nas divagações de Louro,

Nos ultimatos de Pinto.

Num diálogo suscinto

Reverberavam em coro

Iluminuras de Pinto,

Clarividências de Louro.

Essa dupla, sem desdouro,

Reinou do primeiro ao quinto:

Pinto maior do que Louro,

Louro maior do que Pinto.

Duas fivelas num cinto,

Batéis sem ancoradouro,

Assim foram Louro e Pinto,

Assim serão Pinto e Louro.

Penso, reflito, pressinto

Que em todo o tempo vindouro

Ninguém vai superar Pinto,

Nenhum fará sombra a Louro.

Pois não há praga ou agouro

Que manche a paz do recinto

Das glórias que envolvem Louro,

Dos louros que adornam Pinto.

Aqui faço paradouro

(Ir além me não consinto),

Rendido ao gênio que é Louro,

Curvado ao estro de Pinto.

 

Por Orlando Tejo

 

Blog do Jordan Bezerra

 

 

 

Veja vídeo que conta o causo de “louvação e amigo a Canindé” de Orlando Tejo, narrado por Luiz Berto.

 

 

 

 


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