O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, surpreendeu ao relatar nesta terça-feira, 23 de setembro, um breve encontro com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) nos bastidores da Assembleia Geral da ONU, em Nova York. Segundo o republicano, o contato durou menos de meio minuto, mas foi suficiente para um abraço e a promessa de uma nova reunião já na próxima semana.

“Eu estava chegando e o líder do Brasil estava saindo. Nós nos vimos, nos abraçamos e, em poucos segundos, concordamos em nos encontrar. Ele parece ser um cara muito legal, houve química imediata. Ele gostou de mim e eu gostei dele”, declarou Trump em tom descontraído, afirmando que só se envolve politicamente com quem sente afinidade.

Encontro ocorre em meio a tensão diplomática

O gesto, aparentemente amistoso, acontece em um momento de atrito entre Washington e Brasília. O governo norte-americano ampliou recentemente sanções contra autoridades brasileiras, incluindo o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), acusado pela Casa Branca de violar direitos humanos e perseguir opositores políticos. Além disso, os EUA anunciaram tarifas de 50% sobre determinados produtos brasileiros, medida criticada por Lula como unilateral e sem justificativa.

Apesar do tom leve sobre a conversa com o presidente brasileiro, Trump endureceu o discurso em relação à economia. Para ele, o Brasil “vai mal” e só terá sucesso se estreitar laços com os Estados Unidos. “Eles só conseguirão se sair bem quando trabalharem conosco; sem nós, fracassarão, assim como outros já fracassaram”, afirmou, ressaltando que sempre defenderá os interesses americanos diante de tarifas que considera injustas.

Lula rebate críticas

Horas antes, em seu discurso de abertura da Assembleia da ONU — tradição reservada ao Brasil —, Lula evitou citar diretamente Washington, mas deixou claro seu incômodo com as medidas impostas pela Casa Branca. O petista defendeu que não há justificativa para punições unilaterais que afetem a economia ou as instituições do país.

Expectativas para nova reunião

De acordo com a imprensa americana, o próximo encontro entre os dois presidentes pode ocorrer por telefone. O gesto de aproximação, no entanto, será acompanhado de cautela, já que, além das divergências comerciais, Trump também tem questionado decisões do Judiciário brasileiro e a condenação do ex-presidente Jair Bolsonaro.

Ainda assim, o rápido cumprimento entre Lula e Trump chamou atenção por simbolizar uma possível abertura de diálogo em meio ao endurecimento das relações bilaterais. Para especialistas, a reunião da próxima semana pode indicar se haverá espaço para cooperação ou se as tensões econômicas e políticas continuarão ditando o tom entre os dois países.

Blog do Jordan Bezerra

com informações de CNN Brasil