15/11/2025 - 12:55 - Gerais
A trajetória de Francisco Anderson Mariano da Silva, o “Chiquinho”, é marcada por desafios que poderiam ter interrompido qualquer sonho — mas se transformaram em impulso para uma das maiores conquistas de sua vida. Natural de Conceição, no Sertão da Paraíba, ele enfrentou desde cedo a ausência dos pais, foi criado pela avó que chegou a pedir esmolas para sustentá-lo e cresceu convivendo com uma deficiência visual que lhe garante apenas 35% da visão. Ainda assim, nunca abriu mão da educação.
Nesta terça-feira, 12 de novembro, Francisco celebrou um marco extraordinário: a defesa de seu doutorado em Ciência da Computação na Universidade Federal de São Paulo (UNIFESP), uma das instituições mais reconhecidas do país.
Em um relato emocionado, ele descreveu o momento como a realização de um dos maiores sonhos da sua vida.
“Hoje realizei um dos maiores sonhos da minha vida: defendi minha tese de doutorado.
Não sei nem por onde começar, mas como sempre digo: tudo tem seu tempo no propósito de Deus”, escreveu.
Ao longo do depoimento, ele lembrou da infância difícil, da ausência familiar e da condição visual que, longe de ser barreira, se transformou em combustível. Sua caminhada ganhou novo rumo quando, aos 11 anos, passou a frequentar a casa do vereador Luís Paulino, que o acolheu e o orientou. Após a morte da avó, em 2002, Francisco encontrou apoio em amigos e na família de Raubergue, que o ajudaram a seguir estudando.
Mesmo assim, enfrentou descrença.
Ele recordou que uma diretora chegou a afirmar que dificilmente ele concluiria a Licenciatura em Computação. Ao defender o doutorado, viu na conquista a prova de que esforço e fé podem mover o impossível.
Durante a pandemia, em 2020, ingressou no doutorado da UNIFESP. Embora o curso fosse presencial, as aulas estavam sendo oferecidas remotamente por causa das restrições sanitárias — algo que possibilitou que Francisco participasse do programa mesmo estando no Sertão paraibano.
Ele agradeceu à esposa, ao filho, aos amigos, aos integrantes da banca examinadora, ao orientador e ao ex-orientador Wellington Candeia, além de Tiago Prado e da CAPES pelo apoio institucional.
“Hoje, encerro este ciclo com o coração cheio de gratidão. Afinal, agradecer é reconhecer o quanto cada etapa nos molda.”
Francisco reforçou que sua história não é sobre ressentimento, mas um testemunho de que o caminho é difícil, porém possível.
Dedicado, resiliente e guiado pela fé, ele deixa uma mensagem inspiradora:
“Não se deixe levar pelo primeiro obstáculo. Nada é fácil nesta vida, mas é possível. Deus não desampara ninguém.”
A trajetória de Chiquinho, do Sertão para a UNIFESP, é um exemplo profundo de superação, fé e compromisso com o conhecimento — e um retrato da força de quem transforma adversidade em vitória.
Blog do Jordan Bezerra
© Copyright 2018 - 2025 - Todos os direitos reservados - Painel de controle