O que começou como uma tragédia cercada de dúvidas ganhou novos contornos após a intervenção da ciência criminal. Em Itaporanga, no Sertão da Paraíba, a morte de Almir Pereira Cabral, 46 anos, inicialmente atribuída a um suposto suicídio, passou a ser tratada como homicídio, depois que o trabalho pericial revelou inconsistências graves na narrativa apresentada.

O episódio ocorreu na noite de 19 de outubro de 2025, nos fundos de uma panificadora no Centro da cidade. A vítima foi encontrada sem vida em uma sala do estabelecimento, com uma lesão profunda causada por arma branca. Na ocasião, a companheira de Almir sustentou que ele teria tirado a própria vida. A versão, no entanto, desmoronou diante dos vestígios analisados.

O peso da perícia

Em conversa exclusiva com o jornalista Pabhlo Rhuan, o perito criminal oficial Germano Damascena detalhou os pontos que mudaram a linha investigativa. O principal elemento foi a análise das câmeras de segurança do local.

As imagens não exibem diretamente o golpe fatal, mas, segundo o perito, a dinâmica registrada foi suficiente para apontar outra direção: um movimento abrupto de braço, de cima para baixo, dentro da sala onde a vítima foi localizada, compatível com a posição ocupada pela suspeita no instante captado.

A sequência do vídeo também trouxe um padrão inquietante: Almir entra no cômodo e, em seguida, a mulher também entra. Depois do gesto identificado pelos técnicos, ele não aparece mais saindo do ambiente. Já a companheira surge entrando e saindo repetidamente, várias vezes, enquanto a vítima permanece fora do campo visual.

Além disso, marcas encontradas no interior da sala revelaram indícios de luta corporal, contrariando a hipótese de autoextermínio.

Lesão vital e socorro inviável

A ferida provocada pela arma branca atingiu uma região vital, causando uma hemorragia rápida, o que tornou impossível qualquer tentativa de salvamento ou socorro. A cena, para os especialistas, era incompatível com o relato inicial.

Indiciamento e encaminhamento à Justiça

O delegado Ilamilto Simplício, da 17ª Seccional da Polícia Civil, confirmou que a soma das contradições entre o depoimento e os laudos técnicos levou ao indiciamento da companheira por homicídio, com base no artigo 121 do Código Penal (homicídio simples).

O caso já foi remetido ao Poder Judiciário, onde tramita para a adoção das providências legais cabíveis.

Blog do Jordan Bezerra

Com informações de Pabhlo Rhuan