A cena política paraibana ganhou um novo contorno com a filiação do prefeito de João Pessoa, Cícero Lucena, ao MDB. O movimento, articulado nacionalmente, promete mudar o tabuleiro das alianças e influenciar diretamente os rumos do Partido dos Trabalhadores (PT) nas eleições de 2026.

Até então, o PT vinha demonstrando alinhamento com o governo estadual, comandado por João Azevêdo (PSB) e com a participação ativa do vice-governador Lucas Ribeiro. O partido, que conta com lideranças como Luciano Cartaxo, Cida Ramos e Marcos Henrique, mantinha cargos estratégicos na gestão estadual e se mostrava inclinado a seguir ao lado do grupo de João, Lucas e o deputado federal Hugo Motta, uma das principais forças do PSB no estado.

Mas o cenário começou a mudar quando Cícero Lucena decidiu se aproximar do MDB, movimento que contou com o aval de nomes de expressão nacional. O senador Veneziano Vital do Rêgo, vice-presidente do Senado e liderança do MDB no Nordeste, teria conduzido conversas com a direção nacional do PT e até com o presidente Lula, defendendo apoio a Cícero e sugerindo que o prefeito migrasse para uma legenda do campo progressista.

O gesto foi bem recebido em Brasília. Na última terça-feira (7), o presidente nacional do MDB, Baleia Rossi, oficializou a filiação de Cícero Lucena e de dois deputados federais, fortalecendo o partido e abrindo espaço para uma reconfiguração política no estado.

Com essa movimentação, o antigo impasse entre PT e Cícero praticamente deixou de existir. O que antes era tratado como improvável passou a ser tema real nas conversas de bastidores, com petistas avaliando a possibilidade de marchar ao lado do novo emedebista.

Recuo estratégico e jogo zerado no PT

Enquanto isso, o ex-presidente estadual do partido, Jackson Macêdo, organizava um seminário sobre a tática eleitoral do PT na Paraíba, que trataria justamente de alianças e estratégias para 2026. No entanto, a programação foi suspensa por determinação do presidente nacional do partido, Edinho Silva, que orientou as lideranças a aguardarem novas definições.

 
Segundo fontes internas, a mensagem foi clara:

“Não se envolvam com nenhuma candidatura. O jogo está zerado na Paraíba.”

Cenário indefinido e novas possibilidades

A grande dúvida agora é para que lado o PT vai pender.

 
De um lado, está o grupo de Veneziano, Baleia Rossi e Cícero Lucena, que tenta consolidar uma frente progressista em torno do MDB.

 
Do outro, João Azevêdo, Lucas Ribeiro e Hugo Motta, representantes do PSB, legenda que mantém forte parceria institucional com o governo federal e presença consolidada no estado.

Nos bastidores, muitos acreditam que o PT deve manter o apoio ao PSB, em nome da coerência e da aliança construída ao longo dos últimos anos. Contudo, a política é feita de conversas e negociações, e as moedas de troca — como cargos estratégicos, composição de chapa majoritária ou uma vaga de suplência ao Senado — podem pesar na balança.

Entre Cícero e Lucas, o jogo segue em aberto

Com a filiação de Cícero ao MDB, o xadrez político da Paraíba volta à estaca zero. O prefeito de João Pessoa, fortalecido nacionalmente, passa a ser uma peça central nas costuras para 2026. Já o PT, entre manter o alinhamento com o PSB ou abrir diálogo com o MDB, terá de decidir qual caminho seguirá sob influência direta do presidente Lula.

O certo é que a movimentação de Cícero bagunçou as peças, e o futuro das alianças na Paraíba ainda promete muitas reviravoltas até o próximo pleito.

Blog do Jordan Bezerra

com informações de Polêmica Paraíba