15/03/2021 - 18:44 - Opinião
Eu me apequeno com a morte da flor
Me acosto a dor das margaridas
Sou o silêncio das covas floridas
(Que recebe por dia um sonho de amor)
Sou a abelha que leva consigo
O segredo mais terno do amigo fiel
E que poliniza aqueles que ficam
Para não criar mofo abaixo do céu
Desato a verter o néctar
da vida
Que acaba esquecida ao longo do tempo
Sou meio coveiro e meio defunto
A semente que seca na terra arenosa
Sou lágrima chorosa a cada partida
E rogo a Deus pra baixar um decreto
Não há mais "morrentes" aqui, meu Senhor
Aínda nem cicatrizou a ferida
Lá se vai mais um: meu pai, meu irmão, meu avô...
Queria ser a boa nova, o alto falante do carro de feira
A mulher parteira, o cego Aderaldo, a viola do cantador, o bisturi, a vacina...
A arrogância e o remorso; o orgulho e o desprezo
Para dizer a mim mesmo: acabou, acabou!
Por Misael Nóbrega de Sousa
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