22/06/2025 - 19:40 - Opinião
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Por Cacá Ramalho Lucena de Lacerda, FENAJ: 0004166/PB
Sertão paraibano, terra de resiliência e potencial inexplorado, vislumbra um futuro promissor com a iminente concretização de projetos transformadores. A transposição das águas do Rio São Francisco, em sua etapa final, e a perspectiva de uma Zona Franca na região desenham um cenário de desenvolvimento econômico e tecnológico sem precedentes. Nesse contexto de efervescência, a criação da Universidade Federal do Sertão (UFS) emerge não apenas como uma necessidade, mas como um pilar fundamental para consolidar essa nova era de prosperidade e conhecimento.
O Projeto de Lei e sua Longa Jornada.
O Projeto de Lei 1496/2011, de autoria do deputado federal Hugo Motta, que propõe a criação da Universidade Federal do Sertão da Paraíba (UFSPB), com reitoria em Patos, tem sido uma pauta de longa data no Congresso Nacional, tramitando há mais de 5000 dias. Essa persistência reflete a urgência e a relevância de uma instituição de ensino superior robusta e acessível para a região. A proposta visa desmembrar campi existentes da Universidade Federal de Campina Grande (UFCG) – como Patos, Pombal, Sousa e Cajazeiras – para formar a nova universidade, além de prever a criação de um Instituto Federal do Sertão da Paraíba (IFSPB).
Vozes a Favor e Contra: Um Debate Necessário.
Apesar do clamor popular e da evidente necessidade de expansão do ensino superior no Sertão, a proposta de criação da UFS não esteve isenta de debates e, por vezes, de resistências. Em 2009, por exemplo, a comunidade acadêmica da UFCG manifestou-se contrária ao desmembramento de seus campi para a formação da nova universidade. Os argumentos centravam-se na preocupação com a perda do elevado conceito que a UFCG desfruta no País, o que, segundo eles, poderia impactar as perspectivas de seus alunos no mercado de trabalho. Além disso, a valorização e modernização das instalações dos campi existentes, como novas salas de aula, bibliotecas e laboratórios, eram apontadas como ações que já garantiam credibilidade e reconhecimento ao modelo de gestão democrática da instituição.
No entanto, as vozes a favor da UFS ressoam com força, impulsionadas pela visão de um futuro mais equitativo e próspero para o Sertão. A petição pública em apoio à criação da UFSPB e do IFSPB, com reitoria em Patos, destaca a reivindicação histórica da região por uma estrutura de ensino superior e técnico mais acessível e robusta. A ausência de uma universidade e de um instituto federais próprios dificulta o acesso dos jovens à formação acadêmica e profissionalizante, gerando evasão de estudantes e limitando o desenvolvimento regional.
A UFS: Catalisadora de um Novo Sertão.
A criação da Universidade Federal do Sertão transcende a mera expansão de vagas. Ela representa a oportunidade de forjar um novo Sertão, autônomo em seu desenvolvimento e protagonista de seu próprio destino. A instalação de uma reitoria na região, por exemplo, agilizaria as demandas por soluções de problemáticas locais e melhorias, promovendo uma proximidade inédita entre a gestão universitária e os campi. Essa descentralização administrativa é crucial para que a universidade responda de forma ágil e eficaz às necessidades específicas do Sertão.
Além disso, a UFS abriria as portas para a criação de novos cursos, alinhados com as demandas do mercado de trabalho e com o potencial de desenvolvimento da região. Com a Zona Franca e a transposição do São Francisco, haverá uma demanda crescente por profissionais qualificados em áreas como tecnologia, indústria, agronegócio e energias renováveis. A universidade seria o celeiro de talentos, formando a mão de obra necessária para impulsionar a economia local e atrair novos investimentos.
As regiões de Patos, Vale do Piancó e Cajazeiras, em particular, seriam as grandes beneficiadas por essa transformação. Elas se tornariam o epicentro de um oásis produtivo, onde a educação de qualidade se uniria à infraestrutura e ao potencial econômico para gerar um salto quântico na qualidade de vida dos sertanejos. Assim como a China, que de um passado de dependência e escassez se tornou uma potência global, o Sertão paraibano tem a chance de reescrever sua história, superando os desafios impostos pela seca e pela fome, e emergindo como um polo de inovação e prosperidade.
Referências:
[1] UFCG - Comunidade acadêmica da UFCG rejeita criação da Universidade Federal do Sertão.
[2] Petição Pública - Criação da Universidade Federal do Sertão da Paraíba (UFSPB) e do Instituto Federal do Sertão da Paraíba (IFSPB), ambos com reitoria em Patos.
Por Cacá Ramalho Lucena de Lacerda
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