16/12/2018 - 18:22 - Opinião
Paulo Duarte
Ao estudar Eu e meu pai o coronel José Pereira, o livro mais esperado do ano, escrito por Aloysio Pereira, tive a surpresa de me deparar com as seguintes palavras na página 114. Natércia Suassuna Dutra Pereira Lima, autora da apresentação, afirma no início a seguinte frase: Um homem desta estirpe não merece ser chamado de bandido, protetor e coiteiro de cangaceiros. Segundo Natércia, O coronel José Pereira nunca fora de maneira alguma coiteiro de cangaceiros, uma afirmação bastante convicta. No mesmo livro na página 111 está escrito o seguinte título: Zé Pereira jamais foi cangaceiro ou chefe de bando. Veja que é uma afirmação categórica e diante dessas palavras eu faço as seguintes observações:
Devemos realmente acreditar no que está escrito por Aloysio Pereira? Será que um filho ao escrever um livro sobre o pai, difamaria ou contestaria sua figura? O que diz a Academia (UFPB e outras instituições semelhantes) sobre esse assunto? Esse livro não seria superficial ou positivista?
Ao analisar profundamente essas informações, questiono a partir com base na obra do autor norte-americano Billy Jaynes Chandler Lampião o rei dos cangaceiros, publicado no Brasil pela Editora paz e terra ano de 1980. Esse livro foi escrito durante trinta anos e exigiu do autor um conhecimento vasto de documentos e informações diversas. Como americano, provavelmente, nunca tomou partido entre os dois grupos rivais.
Com amizades como estas, Lampião e seu bando viviam às claras em princesa. Os cangaceiros, não temendo a polícia, entravam na cidade e faziam freguesia nos bares. Alguns soldados alojados na cidade ficaram irritados com a tolerância para com os bandidos, mas não podiam fazer nada. O poder de Zé Pereira era tal, que, na sua comarca, a polícia fazia o que ele queria (JAYNES, 1980, p.68).
Como o leitor observa acima, o antagonismo entre os dois livros é evidente. Agora pergunto: quais dessas afirmações se aproximam da verdade? Jaynes ainda relata um fato curioso sobre Lampião. Eis o seguinte relato: O ataque a Sousa acabou sendo prejudicial para Lampião e seus homens, pois, com ele, perderam o direito ao refúgio em Princesa. Zé Pereira, até aí tinha sido coiteiro dos bandidos em sua região (idem, p. 73).
Diante dessas afirmações prós e contra, coloco em xeque para aqueles que defendem a aproximação da verdade sem emoção ou paixão, mais com a visão crítica da realidade. Portanto, cabe agora o julgamento do leitor. O coronel José Pereira foi ou não foi coiteiro de cangaceiros? No meu juízo de valor baseado em minhas pesquisas, não restam dúvidas que o coronel José Pereira acoitava sim os cangaceiros, talvez por medo, maldade, questões políticas ou admiração. Essas análises não faz do coronel José Pereira uma pessoa boa ou ruim, mas sim um personagem do seu tempo que deixou seu legado, certamente com suas virtudes e contradições.
Por Paulo Duarte
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