02/07/2019 - 18:54 - Opinião
Foto de divulgação
A morte deveria ser a mais solene de todas as celebrações que conhecemos.
O corpo, depositado numa vala comum e coberto com o próprio chão "para que a bicharada roa o coração depois da morte"... É um abandono.
Ele tem que ser ungido pela palavra, pois apenas o silêncio não basta.
É na cova onde se deve deixar todas as culpas e acender uma vela.
E o devemos visitá-lo, diuturnamente, depois de sepultado. Assim, aprendemos sobre compaixão e conceberemos o nosso próprio funeral.
Como pensar em honradez se não nos diminuirmos?
Os critérios de veneração também têm que ser mais bem elaborados: perdão, consternação, pranto não representam grande coisa diante do capítulo que se encerra.
E, permaneceremos de joelhos, por um longo tempo.
A cruz é a penitência; o túmulo, o descanso; a oração é o agradecimento; a grinalda para que se lembre de quando menino; a maior resignação reservada à mãe; e o luto, eterno.
Quer seja formal, material ou moral, a morte redime a todos dos erros passados. E só após vencido esse estágio é que viramos Santos.
Ao coveiro - e a mais ninguém, deve ser legitimado o direito de plantar uma flor.
Misael Nóbrega de Sousa
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