05/08/2019 - 21:47 - Opinião
Insisto em dizer que as boas ideias são paridas na dor. Não falo em criatividade, quando o ambiente interfere positivamente no processo de produção, mas no sofrimento/experiência que beira à genialidade. A professora portuguesa Maria Augusta Gonçalves publica no Jornal de Letras Artes e Idéias, em 2006, no Alentejo, um artigo intitulado: Mozart a simplicidade da perfeição. Destaco o trecho:
"Mozart vive sem dinheiro, extenuado de trabalho e de dor. Mas a criação impõe-se e o gênio acentua cada vez mais a dualidade sempre presente na sua obra: a leveza, a graciosidade, a par do lugar mais negro da emoção, o lugar íntimo que se afigura eterno. «A música de Mozart nem sempre é sorridente», dizia Helena Sá e Costa, uma das grandes intérpretes do compositor. «Também há o sofrimento. Parece simples, mas é muito difícil, por causa dos sentimentos. O intérprete tem de compreender Mozart. Mozart tem a simplicidade suprema das coisas perfeitas, a simplicidade do essencial». Diz-se que Mozart, obsessivo com ideias de morte desde o falecimento de seu pai, Leopold, debilitado pela fadiga e pela enfermidade que lhe atingia, muito sensível ao sobrenatural devido às suas vinculações com a franco-maçonaria e impressionado pelo aspecto misterioso do homem que encomendou a missa, terminou por acreditar que este era um mensageiro do Destino e que o réquiem que iria compor seria para seu próprio funeral. Mozart morreu a 05 de dezembro de 1791 e foi enterrado no cemitério de Viena, na vala comum dos indigentes".
Melancólico, eu? "Quem olha para fora, sonha, quem olha para dentro, desperta!"
Misael Nóbrega de Sousa
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