06/02/2020 - 06:57 - Opinião
O presidente Jair Bolsonaro afirmou nesta quarta-feira (05) que pessoas portadoras do vírus HIV, transmissor da aids, são “uma despesa para todos no brasil”, além de um “problema sério” para a própria pessoa. A declaração foi feita enquanto defendia a ministra Damares Alves por propor a abstinência sexual como política pública contra a gravidez precoce. O presidente criticou os que “esculhambam” Damares e citou sua própria filha, Laura, dizendo que não quer vê-la grávida com 10 anos.
Bolsonaro afirmou categoricamente que há uma “depravação total” e responsabilizou as administrações do PT por isso, dizendo que essa liberdade foi pregada ao longo do governo do petista, quando permitia o “vale tudo” e se “glamourizava” certos comportamentos. Quanto revanchismo, não?
Em 1989, profissionais da saúde e membros da sociedade civil criaram, com o apoio do departamento de IST, HIV/aids e hepatites virais, a declaração dos direitos fundamentais da pessoa portadora do vírus da aids. O documento foi aprovado no Encontro Nacional de ONG’s que trabalham com aids (ENONG), em Porto Alegre (RS).
Pela Constituição Brasileira, as pessoas vivendo com HIV, assim como todo e qualquer cidadão brasileiro, têm obrigações e direitos garantidos por lei. Dentre esses direitos estão: auxílio-doença, aposentadoria por invalidez e benefício de prestação continuada.
Em 2 de junho de 2014, foi publicada a lei nº 12.984, que define o crime de discriminação aos portadores do vírus da imunodeficiência humana (HIV) e doentes de aids.
O preço de uma vida vale todo o ouro deste mundo. É impossível indenizar a ausência, a dor da perda e a solidão. Por isso, me enoja ouvir declarações que vão de encontro a dignidade humana. Ainda mais quando se refere a alguém que se sente privado de tudo.
Portadores do vírus HIV pode até dar despesa para o Brasil, mas o acesso à saúde pública é uma conquista para cerca de 585 mil pessoas que vivem com o vírus HIV no país. O tratamento brasileiro contra HIV/aids é hoje uma referência mundial. E isso é também esperança. “E a esperança não murcha, ela não cansa; também como ela não sucumbe a crença; vão-se sonhos nas asas da descrença; voltam sonhos nas asas da esperança”.
Misael Nóbrega de Sousa
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