07/03/2021 - 10:10 - Opinião
Quando eu não mais existir... - O que será deste mundo com sua propaganda paradisíaca e de engodo? O que será dessa dor que carrego no peito? Da minha ansiedade e depressão constantes?
Quando eu não mais existir... - O que será do medo que tenho de tudo?
Desse desejo incontrolável de acertar? Quem vai regar as minhas plantas e cuidar de Nina, que não sabe cuidar de si?
Quando eu não mais existir... - As guerras não farão sentido algum. A evolução da humanidade, o avanço tecnológico, as brincadeiras de minha infância.
Nada!
Quando eu não mais existir... - Não terei conhecido a desilusão. A lembrança de qualquer rosto. Não saberei o que foi a paixão. O começo e o fim, diluir-se-ão no silêncio da eternidade.
Não serei odiado, perseguido, censurado, questionado, amado...- E a morte nunca haverá de ser a minha desgraça.
Quando eu não mais existir... - Serei a folha seca que se decompõe na aridez da terra; a nascente de um rio que secou; um pássaro ferido na asa; o vento que já passou; o último verso de um poema.
Quando eu não mais existir... - Nunca terei existido. E não há plano mais perfeito que esse!
Por Misael Nóbrega de Sousa
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