02/07/2021 - 06:42 - Opinião
Carlinhos era um gigante. Chegou a pesar 400 quilos. Tinha trinta e poucos anos, mas todos o chamavam de “o menino Carlinhos”. Aquela estatura disforme as vezes assustava. E quando andava, golpeava o chão com seus passos devagar.As vezes sorria, ignorando as dores... Que lhe foram muitas. Carlinhos não tinha uma cara de sofrimento, nem de esperança... Ele foi paciente a vida toda. E aguentou o quanto pode. Por sua robustez, foi chacoalhado de um lado para outro; foi motivo de desconfiança, de campanhas filantrópicas, assistido pelas autoridades; foi capa de revista e rendeu várias matérias jornalísticas. Carlinhos ficou conhecido no Brasil inteiro por causa de sua obesidade mórbida: “o superobeso”, cuja aparição era sempre espetacular. Mas ele não era um monstro.
Ele era doente. Além da obesidade, sofria de: transtornos mentais, diabetes, pressão alta, problemas de pele, respiratórios e urinários. Tratou-se no hospital das clinicas em Recife, emagreceu, voltou para as ruas, pediu esmolas, adoeceu de Covid-19, foi internado, intubado e morreu neste julho de 2021. O supercarlinhos não suportou o peso do mundo. Aqui, nada lhe servia. Foi enterrado no mesmo dia, e saiu da vida sem dar a ninguém o direito à curiosidade de vê-lo declinar. Não havia mesmo porque. Em sua cruz o nome de batismo: Carlos Antônio dos Santos Freitas, e só.
Por Misael Nóbrega de Sousa
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