08/07/2021 - 10:55 - Opinião
Temos insistido nos últimos dias na necessidade de intensificar as fiscalizações para evitar uma maior disseminação da coronavírus. E a maior prova da necessidade de uma fiscalização severa é que a infecção pelo coronavírus continua a acontecer em nível preocupante. Durante a última semana foram constatadas a infecção em 459 pessoas, segundo boletim divulgado pela Secretaria de Saúde do Município. Em testes feitos no Centro COVID 19 e, provavelmente dos testes de massa feitos no Bivar Olinto. Neste último caso, uma questão me leva a perguntar: Onde foram parar os novos infectados se o número de isolados, no mesmo período caiu de 1282, no dia 18 de junho, para 1079, no dia 25 de junho, segundo os boletins epidemiológicos divulgados pela prefeitura? Diminuindo 203 isolados quando havia 459 novos infectados. Os infectados restantes não estavam isolados ou houve uma melhora súbita de 662 pacientes em uma semana. A que se pode atribuir o milagre?
Há vários dias vimos perguntando que acompanhamento está se dando aos isolados e aos dados como recuperados? Como não houve nenhum pronunciamento oficial até agora, aproveitei a minha ida a Patos, durante a semana, para perguntar a alguns amigos que atendimento estava sendo dado aos infectados dados como isolados e aqueles que pretensamente se recuperaram da doença. Ninguém soube me dar notícia de qual atendimento estava sendo dado. Mas ouvi dois testemunhos interessantes. Com relação aos isolados, uma pessoa me informou que na rua em que mora, cerca de dez pessoas já tiveram COVID ficaram isolados e nunca ouviu falar que um deles tinha sido visitado por algum profissional da saúde do município. Outra me informou o que é pior do que a falta de assistência. Na rua do informante, nem se ouviu falar de algum dos isolados sendo acompanhado pela equipe de saúde do município e o que é pior. Vários deles, no período da noite, se sentam nas calçadas para bater papo com os parentes e amigos, geralmente sem nem utilizarem máscaras.
Por estes exemplos, voltamos a insistir. Que acompanhamento a secretaria de saúde está dando aos isolados que foram testados e se comprovou que estavam com o coronavírus? Que acompanhamento está sendo dado àqueles pacientes que foram considerados recuperados, quando se sabe que muitas são as sequelas que acompanham os que foram hospitalizados por conta do agravamento dos seus casos? Sequelas que se agravam depois da recuperação, além do período maior que podem continuar como transmissores da infecção. Não se pode perder de vista que um isolado, sem acompanhamento e sem vigilância, é um foco permanente de infecção até dez dias depois de sentir os primeiros sintomas. Por outro lado, aqueles que tiveram casos mais graves têm que ter um isolamento mais longo como recomendam as autoridades sanitárias. “Para aqueles indivíduos que tiveram casos mais graves, com internação, a orientação é de isolamento por vinte dias, a contar do primeiro dia de sintoma”.
Insisto também em perguntar. Por que a administração municipal não intensifica a fiscalização, com aplicação de penas severas, para evitar que continuemos na bandeira laranja, pelo alto índice de infecção e pela utilização intensa dos leitos de enfermaria e de UTI?
Repetimos por fim. Uma fiscalização drástica e bem-feita vai decorrer da moral da Força Tarefa e do respaldo que lhe dê a administração. A força tarefa não pode deixar de agir, com medo de melindrar quem quer que seja.
Logo depois que divulgamos esta matéria, no jornal Notícias da Manhã, desta segunda-feira, na Espinharas FM, foi divulgada uma entrevista muito boa do Secretário de Saúde, Leônidas Dias, de que extraímos um texto, onde ele confessa que a Secretaria não tem condições, técnicas nem de pessoal, de monitorar os positivados para COVID 19 que deveriam estar isolados.
Disse o Secretário: “A nossa vigilância sanitária, a nossa vigilância epidemiológica, tentam realizar um monitoramento dessas pessoas, mas devido a grande quantidade de casos, eu lhes confesso, que nós não temos técnicas nem de pessoal, para fazer este monitoramento total. Nós fazemos dos casos mais graves, mas encontramos uma certa resistência em manter esse isolamento adequado e prá isso nós precisamos encarecidamente do apoio da própria população. Que a população se pegar alguém positivado que não esteja realizando o isolamento social adequado, que denuncie, que leve ao conhecimento da secretaria de saúde do município, para tomarmos as providências com aquelas pessoas”.
O apelo do Secretário assim como os apelos do prefeito Nabor Wanderley, vão cair em ouvidos moucos. Assim como as denúncias para a Força Tarefa pedindo intervenção nos casos de aglomerações, de perturbação do sossego, muitas vezes não acham quem as atendam, este pedido do secretário para denunciarem “os positivados” que estiverem fazendo isolamento também não vai ser atendido.
Entendemos que o quadro de agentes de vigilância sanitária e de vigilância epidemiológica seja reduzido, mas não custaria nada a Secretaria de Saúde usar a mais eficiente máquina de que dispõe que são os agentes comunitários de saúde que, embora ainda haja muitos bairros desassistidos, forma uma força-tarefa que acompanha de perto os problemas de saúde da cidade, cada um em sua área.
Os agentes sabem de tudo o que acontece em sua respectiva área e poderiam dar um suporte excelente aos agentes da vigilância sanitária e epidemiológica neste tempo de epidemia. Não custava nada, a Secretaria dar a eles uma gratificação para os ACS, com a relação dos “isolados” de sua área em mãos, reportarem para a vigilância como os positivados estão se comportando no seu isolamento, ao mesmo tempo que levava para o isolados os medicamentos prescritos pelos médicos que dessem acompanhamento àqueles pacientes. E acreditados que existe dinheiro da pandemia que pode ser usado nesta finalidade.
O que a Secretaria não pode deixar é mais de mil “isolados”, sem nenhuma assistência, infectando os seus familiares e vizinhos. O mesmo trabalho de acompanhamento, os agentes comunitários de saúde podiam fazer, junto aos que foram considerados recuperados, que muitas vezes são acometidos de sequelas da COVID 19, muitas delas mortais em muitos casos.
Por Luiz Gonzaga Lima de Morais
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