18/04/2019 - 12:32 - Opinião
Procissão dos homens, em Patos-PB percorre ruas da cidade durante a madrugada
Meia-noite. O andor desce os degraus da igreja da Conceição e segue pelas ruas da cidade de Patos, numa procissão inusitada. É inconfundível o ruído da matraca à frente da multidão de homens que se forma apressada, como se surgisse de todas as esquinas do mundo.
O atrito daqueles pés no chão de paralelepípedo emite, ao mesmo tempo, um som de marcha para o céu. O sarcófago é carregado nos ombros de concidadãos bucólicos, para que jamais seja enterrado na incredulidade terrena.
E nas pedras mosaicadas que se estendem doravante, a comunhão com o altíssimo.
Às portas das casas, mulheres contemplam a demonstração de reverência daqueles que suportam o tempo embrutecidos pela vida.
Com o passar do séquito voltam para dentro de si mesmas. E na vigília pedem para que a alma de seus homens regresse menos atribulada.
O recebimento do corpo Santo se dá na igreja Matriz.
"Bem-aventurados os que peregrinam em plena madrugada, como testemunhas da tradição monástica".
E todos respondem à homilia num unissono coro de mil vozes:
Amém!
Assim é a procissão dos homens: um momento para lembrar o sacrifício de Cristo; a iniciação dos filhos varões; o beijo à modelagem/imagem que representa absolvição de todas as maldades...
Antes de debandarem de vez, cônscios de que aquele calvário foi a renovação da fé e não um percurso ordinário de obediência aos costumes.
Misael Nóbrega de Sousa
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