19/05/2019 - 07:33 - Opinião
A pressa na divulgação das matérias, pode induzir o repórter ao que chamamos no jargão jornalístico de "barriga". Explico: é quando uma mentira é tomada como verdade ou a notícia não é bem apurada.
Além do "furo" não ser algo mais tão em voga assim, não devemos confundir notícia pequena com notícia vazia. Se a história não tiver a devida comprovação, com certeza, alguém vai sair prejudicado.
O show de opiniões, cálculos, palpites e as previsões apocalípticas estão ganhando cada vez mais espaços nas mídias sociais.
"É hora dessa gente bronzeada mostrar seu valor"
Nós, jornalistas, não podemos ficar à mercê das histórias inventadas ou cair na tentação das fake news. Essa guerra pela audiência compromete a isenção e a credibilidade dos veículos.
O princípio do contraditório diz que todos têm direito à ampla defesa e a serem tratados com dignidade.
Na imprensa, é comum a publicação de nomes de pessoas acusadas de delitos e que são incriminadas antes do julgamento. Quando absolvidas pelo júri popular, como terão suas vidas restauradas?
O código de ética orienta a só revelar algum assunto com absoluta certeza e conhecimento das implicações.
Por outro lado, mais grave que pecar por antecipação é esconder informações de forma propositada e negligente, colaborando com a impunidade. A sociedade tem o direito de saber a verdade.
Observem como é desafiadora a profissão de jornalista.
Antes de ser mal intencionado, o jornalismo moderno está meio que preguiçoso: Não investiga mais com profundidade, por ter acesso a um banco de dados cada vez mais amplo; prefere replicar as informações uns dos outros e está deixando de fazer os questionamentos próprios da categoria.
As manchetes sensacionalistas sugerem um debate inútil.
A execração pública é o mesmo que fazer apologia ao crime, pois alimenta o horror. E não se combate à delinquência odiando o criminoso. O melhor caminho é mesmo atacar o sistema, sem esquecer que dele somos todos parte.
Misael Nóbrega de Sousa
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