18/10/2018 - 12:04 - Política
WhatsApp Messenger
São Paulo - (Atualizada às 11h39) O jornal “Folha de S.Paulo” desta quinta-feira (18) informa que empresários estão comprando pacotes de disparos em massa de mensagens pró-Bolsonaro e contra o PT no WhatsApp. Cada contrato chega a custar R$ 12 milhões, segundo o jornal.
A prática é proibida pela lei eleitoral pois configura doação empresarial e não declarada. Pode incorrer ainda em abuso de poder econômico, o que tem poder de tornar um candidato inelegível, caso o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) assim considere.
De acordo com a reportagem, uma das empresas financiadoras da ação é a Havan e os empresários preparam uma grande operação uma semana antes do segundo turno, a partir do dia 20.
Os disparos usam a base de usuários do próprio candidato ou bases vendidas por agências de estratégia digital. Isso também é ilegal. A lei eleitoral proíbe compra de base de terceiros.
Os preços variam de R$ 0,08 a R$ 0,12 por disparo de mensagem para a base própria do candidato e de R$ 0,30 a R$ 0,40, quando a base é fornecida pela agência.
As bases de usuários muitas vezes são fornecidas ilegalmente por empresas de cobrança ou por funcionários de empresas telefônicas, informa a “Folha”.
Na prestação de contas do candidato Jair Bolsonaro (PSL), consta apenas a empresa AM4 Brasil Inteligência Digital, como tendo recebido R$ 115 mil para mídias digitais.
A “Folha” apurou com ex-funcionários e clientes que o serviço da AM4 inclui a geração de números estrangeiros automaticamente. Com códigos de área de outros países, esses administradores escapam dos filtros de spam e das limitações impostas pelo WhatsApp para a propagação de mensagens.
Outro lado
A equipe jurídica do candidato à Presidência Jair Bolsonaro (PSL) minimizou a informação de que empresas estão comprando pacotes de disparos em massa de mensagens contra o PT - e a favor de Bolsonaro - no WhatsApp. Segundo o advogado Tiago Ayres, não há como relacionar o fato à campanha.
Para ele, a reportagem publicada pela Folha não apresenta detalhes da denúncia nem “elementos minimamente indiciáveis”, que poderiam levar à responsabilização dos envolvidos.
Ayres diz que os apoios à candidatura de Bolsonaro são espontâneos e a campanha não se responsabiliza pelos atos dos seus eleitores. “Esta é uma campanha muito diferente. Não é razoável que qualquer manifestação, ele [Bolsonaro] tem que ser responsabilidade. Teria que ter muito dinheiro para vigiar [a conduta de todos os apoiadores]”, disse.
PT
Em nota, a Comissão Executiva Nacional do PT diz que o partido vai tomar medidas na Justiça contra o que considera crime de "caixa 2". Para o PT, Bolsonaro recebe "financiamento ilegal e milionário de grandes empresas para manter uma indústria de mentiras na rede social WhatsApp".
"É uma ação coordenada para influir no processo eleitoral, que não pode ser ignorada pela Justiça Eleitoral nem ficar impune", traz a nota.
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